segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Cacilheiro

Lá vai no Mar da Palha o Cacilheiro,
comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal, Montijo mais Barreiro.
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.






Leva namorados, marujos,
soldados e trabalhadores,
e parte dum cais
que cheira a jornais,
morangos e flores.
Regressa contente,
levou muita gente
e nunca se cansa.
Parece um barquinho
lançado no Tejo
por uma criança.
(...)


Se um dia o Cacilheiro for embora,
fica mais triste o coração da água,
e o povo de Lisboa dirá, como quem chora,
pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Letra: Ary dos Santos
Música: Paulo de Carvalho
Cantado: Carlos do Carmo

Diário de Viagem



Técnica: aguarela

Desafio aos Viajantes


domingo, 19 de fevereiro de 2017

Lisboa, a "Menina e Moça" dos Poetas

Lisboa com suas casas
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores…
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.
Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos.
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.
Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
À força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.
Álvaro de Campos ( heterónimo de Fernando Pessoa), in Poesias de Álvaro de Campos, 1934

Fado desenhado




Técnica: tinta-da-china


A arte de ser feliz

Houve um tempo em que a minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu sinto-me completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles




Técnica mista: caneta caligráfica e lápis de cor

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Viajar...

Quando guardo uma mala de viagem, deixo sempre dentro dela a vontade de voltar a viajar…


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Viagem no Dia de São Valentim

A "Viagem" foi apaixonante... Uma viagem dedicada a todos os professores, ao seu incansável trabalho e dedicação à escola. Viajantes de Corações Enamorados reuniram-se à hora marcada.



Nesta viagem o programa foi rico e diverso; Música, Literatura e Artes Plásticas envolveram-nos num ambiente extremamente acolhedor. Revimos Pessoa e com ele viajámos às nossas adolescências e lembrámo-nos das nossas cartas de amor... "Ridículas" como todas as cartas de Amor!









Os Corações encantaram, brilharam à nossa volta e proporcionaram um convívio muito caloroso.


















  




Ao longo de todo o programa, o serviço de bar foi espetacular: na cor, no movimento e na qualidade das iguarias! 
Por fim, sentimos uma grande alegria porque concretizámos, mais uma vez uma"Viagem com Alma".